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domingo, 13 de janeiro de 2013

Municípios da Bacia do Velhaco

A bacia do Arroio do Velhaco banha cinco municípios, permitindo a orizicultura em várias partes de sua extensão. Vamos falar destes municípios aqui começando com Arambaré:

História de Arambaré

 Segundo contam os historiadores, os primeiros habitantes das baixas e férteis terras da Laguna dos Patos foram os índios Arachanes, de descendência Tupi-Guarani que, ao migrarem da Cordilheira dos Andes, das imediações do lago Titicaca, encontraram o espaço ideal para a sua sobrevivência (REMUSSI, 2004).


Os primeiros habitantes deste território descendiam das tribos dos Aimarás e foram atraídos pelo comércio com os guaranis, que se radicaram às margens do Rio Camaquã (REMUSSI, 2004). Os índios Arachanes tinham pés e mãos desenvolvidos devido à prática da natação para fins de pesca. Na língua Tupi, a palavra Arachãs significa Patos, originando-se daí a denominação oferecida ao grande lago, a mãe-água, qual seja, Lagoa dos Arachãs ou então de Laguna dos Patos (REMUSSI, 2004).

 Por volta de 1763, casais açorianos vindos para o sul estabeleceram-se na margem esquerda do estuário do Guaíba e na margem direita da Laguna dos Patos, fundando fazendas e charqueadas até o rio Camaquã (REMUSSI, 2004). Com a chegada dos primeiros casais portugueses que fundaram Porto Alegre, iniciou-se o processo de colonização e o fluxo exploratório e migratório da região mais ao sul do continente, estimulando, com o decorrer do tempo, outras etnias a se instalarem na região, promovendo assim a diversidade étnica existente (REMUSSI, 2004).


Desde essa época, os habitantes do então distrito de Arambaré uniram-se na busca do desenvolvimento, através da agricultura, da pecuária e sobre tudo pelo grande potencial turístico e pela beleza natural da região (REMUSSI, 2004). Com o decorrer do tempo, conforme deu-se a ocupação das terras indígenas por europeus e seus descendentes, foram desaparecendo os vestígios da cultura indígena. Até meados do século 20, mais precisamente até o ano de 1938, a localidade passou a denominar-se Barra do Velhaco, em alusão a um Arroio com águas imprevisíveis e suas areias movediças. Em 28 de dezembro de 1938, a localidade passou a denominar-se Paraguassu e somente em 1945, por intermédio do decreto estadual 7.841, recebeu o nome definitivo de Arambaré, que em uma tradução livre, significa terra das delícias (REMUSSI, 2004).

 A localidade manteve-se como distrito de Camaquã até 20 de março de 1992, quando então, após a realização de todo o processo de emancipação política e administrativa, o Governador do Estado, Alceu Colares, assinou a Lei Estadual, que criava o novo município (REMUSSI, 2004). Toda a comunicação era via Laguna dos Patos, para as cidades da Costa Doce, como também Porto Alegre. Existiam em Arambaré vários trapiches na Laguna, por aonde chegavam as mercadorias e saiam os produtos, especialmente o arroz que, naquela época, era o forte da economia do município. Os barcos transportavam até 3.500 sacas de arroz. As lavouras davam duas grandes safras: a do arroz e feijão tupi. O produto chegava a Arambaré em carroças puxadas por bois, que paravam à sombra de figueiras, antes de levarem a carga até os trapiches. Já o combustível, o açúcar e o café vinham de Porto Alegre (REMUSSI, 2004).


Quem dominava o comércio em Arambaré naquela época eram João Augusto Monser, Palmor Almeida, Júlio Ribeiro Corleta, Irineu Cibils e os Ayub. O Dr. Irineu Cibils era médico, atendia os doentes a pé e a cavalo, mas era, ao mesmo tempo, dono de intermináveis áreas de terra (REMUSSI, 2004). Desde o início das festas religiosas de Navegantes, as procissões eram feitas de barco, vindo gente de toda região. Naquela época não existia desemprego, pelo contrário, no tempo da colheita do arroz vinha pessoal de fora. Os engenhos de arroz eram movidos a vapor, obtido da queima da própria casca do arroz, que movimentavam o engenho e iluminavam algumas casas. A luz elétrica veio com Cibils e Buchaim e, depois, através da Prefeitura de Camaquã, que mantinha motores a óleo diesel, fornecendo luz das 8 às 11 horas da noite. Para obter luz após este horário havia a necessidade de pagar o óleo, como acontecia nos bailes que geralmente ultrapassavam este horário (REMUSSI, 2004).

A luz, no início, vinha dos cata-ventos e lá pelos anos 30, os engenhos de arroz produziam a luz e levavam até alguns amigos, entre os beneficiados da igreja Nossa Senhora dos Navegantes (REMUSSI, 2004). Esta igreja teve início pelos anos 30 e foi concluída lentamente, sofrendo várias reformas. O que não se concebia naquela época, por volta de 1947, é que existia certa segregação racial. Exemplo disso eram que os bailes aconteciam de duas formas distintas: uma só para brancos e outro, só para gente de cor (REMUSSI, 2004).


Em 1948, o Dr. Cibils único médico de Arambaré, personalidade eminente do município, viajou à Europa e trouxe uma amostra de soja. O Dr. Cibils distribuiu um punhado de soja para cada agricultor, profetizando: “Isto será o futuro do mundo”. Ninguém, na época, sabia o que era a soja (REMUSSI, 2004). Entre os anos 30 e 60 não existia falta de emprego. Só os engenhos ocupavam mais de 200 pessoas, número este maior que toda a população de Arambaré (REMUSSI, 2004). O abastecimento comercial de cidades como Pelotas, Rio Grande e Guaíba era realizado através da Laguna dos Patos. Os trapiches existentes naquela época tinham aproximadamente 100 metros de extensão cada um (REMUSSI, 2004).

Após a construção da BR- 116, todo o comércio local de Arambaré sofreu um impacto, pois o transporte de mercadoria foi redirecionado para a estrada nova, desviando toda a rota de negócios (REMUSSI, 2004). Texto retirado do Trabalho de Conclusão de Curso de Letícia Dietrich (2008), para a obtenção do grau de Bacharel em Turismo na FEEVALE, entitulado "Potencialidade Turística do Município de Arambaré e sua relação com os serviços".

 FIGUEIRA DA PAZ 


 Arambaré preserva um patrimônio do estado do Rio Grande do Sul, a maior figueira do estado, a Figueira da Paz, com aproximadamente 141 m de perímetro. Sua copa abrange um raio de 50 m e a circunferência do tronco é de 12 m. Com idade aproximada entre 400 e 700 anos, encontra-se no centro da cidade, cercada por bancos e é iluminada à noite, realizando o espírito de convívio com a natureza. A figueira é uma árvore originária da região da Mata Atlântica que recebe o nome científico de Fícus Organensis, compondo uma bela paisagem natural em toda a Costa Doce. Na cidade de Arambaré, a imagem da figueira é utilizada como um símbolo da emancipação política e administrativa do município. Segundo a história verbal relatada, junto a esta área habitavam índios Arachanes, que no passado viviam da caça e da pesca na Laguna dos Patos.

Conta a lenda que uma índia de nome “Justa”, teria se abrigado junto à figueira e ali permanecido até a sua morte. A administração municipal no ano de 1998, quando a cidade integrou-se às atividades dos jogos da Paz, celebrada em vários países, inaugurou uma placa alusiva ao evento, denominando o espaço de “Figueira da Paz”. As figueiras estão protegidas por lei estadual que as torna imunes ao corte, pois as mesmas abrigam várias espécies da flora e da fauna. Seus frutos servem como alimento para diversas espécies de aves e constituem abrigo para outras plantas. Atualmente a figueira vem passando por um problema estrutural delicado. Uma rachadura num dos seus principais galhos está colocando as autoridades numa situação complicada. O IBAMA não quis se responsabilizar e passou o problema para a FEPAM que é o orgão ambiental do estado. Podar é a solução que logo aparece, mas com a poda a figueira pode perder o equilíbrio e tombar. A outra solução seria a de colocar cimento nas rachaduras, evitando assim que a umidade apodreça mais o galho.

Do site Obras Sistema Velhaco

Um comentário:

  1. Boa tarde:

    Legal o blog!
    O achei pelo tal ARROIO VELHACO...
    Estive em ARAMBARÉ há agum tempo - uma viagem fantástica; a cidade se destaca por ser unica/peculiar mesmo.
    E sobre tal arroio_pude o ver de perto (pena que não fotografei). Sei até do caso de gente que morreu neste.
    É isso.

    Valeu,
    Rodrigo

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